quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O RISO DE DEUS

António Alçada Baptista, advogado e romancista, nasceu na Covilhã em 29 de Janeiro de 1927.

Frequentou um colégio de Jesuítas e licenciou-se em Direito, pela Faculdade de Direito de Lisboa, porém, dedicou-se mais à escrita do que à advocacia.



Características da escrita:


- narrativas imaginárias e memórias pessoais, mostrando assim, as preoupações interiores do ser humano.


- o afecto e a mulher são os elementos principais nas suas obras, que são divididas por ensaios, crónias, romances e ficção.







Francisco (personagem principal):
· É um homem experiente;
· Tem 58 anos;
· Possui um grande carinho pela sobrinha Mónica;
· Tem um espírito revolucionário;
· Uma vida amorosa activa;
· É apaixonado por Rosa, conheceu-a em Paris e viveram juntos durante um tempo, porém, Francisco sentia dificuldade em prender-se a alguém;
· Viajava bastante;
· É um filósofo e pensador;
· Não quis seguir nenhuma carreira, ao contrário de seu irmão André, que era um advogado de sucesso;
· Procura ver o lado positivo da vida;
· Diz que o amor: É uma vibração que não vem da inteligência e nem sequer dos sentimentos mas da natureza mais íntima e mais profunda do seu próprio ser.
“ Amar é uma atitude de compreender e aceitar: é reconhecer os outros e respeitar a sua liberdade”;
“ Dói muito o amor no Outono porque nos é agora muito evidente que andámos enganados, que temos de descobrir outra estrada e que, para isso, não é fácil arranjar companhias nem sequer interlocutores: quase todos se acomodaram ao jeito daquilo que nos deram para a gente se vestir mas eu acho que me foi concedida a arte de sonhar de olhos abertos.”
· Diz que: “ as lágrimas são tão pequenas como os sorrisos mas o campo da vida está muito mais largo e mais livre: podemos andar de um lado para o outro sem grandes surpresas e sem grandes emoções.”


A obra:



Ler "O Riso de Deus" é o mesmo que entrar numa longa viagem em torno da sociedade e de nós próprios. Logo no início da obra deixamo-nos encantar pelo charme de Francisco, pela sua busca de outros valores e de outras emoções um pouco por todo o Mundo e, principalmente pelo universo feminino que ele compreende tão bem. Mas, nesta viagem literária encontramos outras personagens que se enquadram na nossa maneira de ser e com as quais nos identificamos num ou noutro momento.
O irmão do Francisco, André, é um desses exemplos: advogado, trabalhador, que dedicou grande parte de sua vida ao seu trabalho e família. Nunca compreendeu o espírito aventureiro do irmão, até que num determinado momento cai numa grande depressão, em que só pensa na morte e em tudo aquilo que deixou de viver. Esta grande crise em que se encontra obriga-o a repensar em toda a sua existência.
A sobrinha Mónica, filha de André, é outro exemplo, pois procura aquilo que o tio parece ter, mas a quem falta força a coragem para encontrar na vida, aquilo que ele conquistou.
No decorrer da leitura apercebemo-nos que quem possui “O Sorriso de Deus” é Francisco, um homem de 58 anos que durante toda a sua vida procurou ver o lado positivo das coisas, sem se deixar abalar e sem se render às tristezas e desesperos que por vezes a vida nos impõem.
Francisco possui um espírito aberto, tem medo da entrega, da vida a dois. Mesmo amando Rosa, uma negra que conheceu em França, não se sente pronto nem seguro para manter uma relação, deixando-a para trás fisicamente, mas levando-a consigo nos pensamentos e nas noites solitárias que passou a viver.
“O Riso de Deus”, mesmo nos momentos críticos, é cheio de luz e bom humor, onde a espiritualidade é predominante tal como a filosofia e pensamentos que de uma forma ou de outra acabam por atingir directamente os leitores.
É uma obra que nos leva à descoberta do Homem, do sentido da nossa existência e do nosso ser.
Francisco levanta imensas questões sobre a vida, a sociedade, o homem e até mesmo sobre Deus, mas sempre com um toque de graça pelo meio da seriedade dos variados assuntos salientados na obra, tornando-a ainda mais interessante por
Francisco ser um personagem participante, fazendo assim, com que o leitor faça parte do ambiente que o rodeia.

Algumas citações ( que julguei serem interessantes) relacionadas com o tema:


Haja ou não deuses, deles somos servos".
- Fernando Pessoa –


"Se Deus existe, então é preciso matá-lo".
- Mikhail Bakunin, pensador anarquista russo –


"Para vocês eu sou ateu. Para Deus, uma fiel oposição".
- Woody Allen, cineasta e humorista –


"Creio no Deus que fez os homens e não no Deus que os homens fizeram."
- Alphonse Karr –


"A felicidade não é algo dentro ou fora de nosso ser; é a união de nós mesmos com Deus."
- Pascal –


"Deus é o invisível evidente."
- Victor Hugo –


"Não me importa que Deus não esteja do meu lado. O que espero ardentemente é que eu me encontre ao lado Dele."
- Abraão Lincoln –



Fontes wikipédia : alguns dados do autor.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

O Modernista Português

Ontem, na aula de português a minha professora disse que havia visto no fim de semana passado um programa sobre a matéria que a partir de agora iremos leccionar : O Modernismo, mais própriamente: a Mensagem de Fernando Pessoa. E fiquei com tamanho mal humor por ter perdido o programa que fui à internet ver se o encontrava. E felizmente o encontrei, está aqui:
http://tv1.rtp.pt/programas-rtp/index.php?p_id=23402&e_id=&c_id=5&dif=tv
E fiquei ainda mais louca quando anunciaram que FINALMENTE, dia 25 irão lançar o " Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português" ! Aí sim eu quase caí da cadeira!
E fiquei ainda maaaaaais louca quando disseram que os herdeiros de Fernando Pessoa irão leiloar objectos do poeta....mas principalmente triste, porque corre-se sempre o risco de desaparecerem, afinal, existem pessoas do mundo inteiro que são fascinadas ( e com razão) por Pessoa.... Não sei, eu se fosse familiar faria de tudo para preservar os bens que restaram as sete chaves, não iam a leilão por naaaada deste mundo ! -,- Ok, fizeram cópias destes bens....mas não é a mesma coisa não é mesmo? Veremos o que irá acontecer nos próximos dias.
Eu não sei se é estupidez a minha ou não, mas quando começaram a mostrar estes objectos, a primeira edição da revista Orpheu, senti um nó enorme na garganta e aquela vontade de chorar de emoção... Enfim, passemos a frente.



Mas afinal, alguém sabe definir para mim o que é o Modernismo? Melhor ainda, o que foi o Modernismo em Portugal?
Segundo o que aprendi até agora, o Modernismo foi um movimento que associou escritores e artistas plásticos e, sei também que, Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Almada Negreiros Amadeo de Souza Cardoso e Santa Rita, são os cinco nomes mais importantes deste movimento que começou a manifestar-se em 1913 (se não me engano) e ganhou a expressão de grupo dois anos mais tarde, com a publicação da revista Orpheu. Todos juntos tinham propósitos evidentes de agitar e mesmo de escandalizar o pacato e antiquado ambiente cultural português. A revista Orpheu só teve duas edições, pois, como já referi há tempos atrás, o pai de Mário de Sá Carneiro, deixou de patrocinar a revista. Percebem agora a minha euforia pelo facto desta revista ( na versão original) ir a leilão?!



"Os artistas, impressionados com o cepticismo social e a descrença no futuro, reagem, lançando à cara da sociedade obras cheias de sarcasmo, ironia e, muitas vezes, alguma provocação. Enveredaram por um caminho de ruptura com a tradição e as forças conservadoras, com o objectivo de redescobrir o mundo e a vida através de linguagens estéticas nunca antes experimentadas." - Livro de Português.


" Nós não somos do século de inventar palavras. As palavras já foram inventadas. Nós somos do século de inventar outra vez as palavras que já foram inventadas."
Mas as coisas não são mesmo assim? Quem é que não sente a necessidade da mudança, de novos ares, escolhas, obras, caminhos e opções? Quem é que não se farta das mentalidades ultrapassadas que algumas sociedades teimam em cultivar? Quem é que não sente a necessidade de revolucionar o (seu) mundo, de sacudir o tapete e lançar pela janela todos os podres de uma época? Eu, particularmente, trago esta "loucura" dentro de mim, esta necessidade de reviravolta, de emoção, de deixar as pessoas de bocas e olhos abertos perante os meus actos, sejam eles positivos ou negativos.



É dito nesta reportagem que, nos anos 40 quem lia Fernando Pessoa ( que era considerado um louco), era igualmente visto como louco, tal como o poeta. Achei graça quando ouvi isto, não foi surpresa nenhuma, só senti uma vontade enorme de ter nascido nos inícios dos anos 30....
O homem foi considerado louco por ter outra mentalidade, por tentar abrir os olhos daquela sociedade retrógrada, por atrever-se a escrever o que todos pensavam, mas ninguém tinha coragem suficiente para dizer. E quantos loucos destes já não existiram no mundo? E quanto mais loucos destes estão entre nós? E quantos mais loucos morrerão infelizes e largados pelos outros, tal como foi Camões, Pessanha, Fernando Pessoa, Sá Carneiro, entre tantos outros....
Mas o que é a loucura afinal? Ser louco não é justamente não ansear a mudança? Não possuir um espírito lutador e heróico? Ser-se louco não é justamente permanecer alienado do mundo, preso no passado, sem vontade de construir um futuro melhor? Quem é o louco que não deseja o melhor para o seu país? Para a sua família, para si mesmo?

Santa Rita..... morreu aos 27 anos de idade.... pintor, impulsionador do Futurismo em Portugal....da sua obra quase nada resta, por ter sido destruída pela sua família.
Acho que não se precisa pensar muito para se saber o motivo.
Acho interessante.....grandes pensadores, poetas, escritores portugueses, enfim, grande parte deles ou morreram de tuberculose ou morreram de desgosto.Tuberculose, acho absolutamente compreensível, pois não havia tratamento possível.....agora de desgosto? Quantos deles precisaram ser lançados ao lixo, para a sociedade ter aberto os olhos? Quantos mais serão?
Já Camões nos indagava nos Lusíadas, perguntando-nos que jovens é que se atreveriam a tornarem-se escritores, se nem ele, que era quem era, teve o seu devido reconhecimento, se foi um autêntico estrangeiro dentro do seu próprio país... Perguntava-se sobre a cultura, aonde estava o gosto pelos livros, pela escrita e pela leitura.... Dizia ele que para se ser Herói tínhamos que IR À LUTA, e que nada nos valia permanecermos encobertos pelos "grandes nomes, nomes de prestígio" de familiares nossos, se nada fizemos para conquistarmos algo pelas nossas mãos...

EU CONCORDO COMPLETAMENTE.

Tenho dito, pombas !

Ines Pedrosa



Nasceu em 1962.
Feminista convicta, tomou posição pública a favor da despenilização e da interrupção voluntária da gravidez e a favor do casamento entre as pessoas do mesmo sexo em Portugal.
É casada com o poeta e crítico literário Fernando Pinto do Amaral, de quem tem uma filha.

O LIVRO- meu resumo.

Fazes-me Falta é um romance no qual duas vozes se intercalam: a primeira pertence a uma pessoa que acabou de morrer, uma mulher, que não consegue encontrar o eterno descanso por continuar demasiado ligada a vida e às pessoas que deixou. É uma alma que vagueia, perdida nos momentos e nas curvas do tempo.
A segunda voz sai da garganta de alguém que sofreu a perda de uma pessoa muito querida, um complemento de si mesmo, um anexo da sua alma. Esta voz masculina, viaja nas dores da ausência, do silêncio, é a voz que causa mais impacto na leitura, que utiliza palavras mais duras, regadas de mágoa e de incompreenção sobre o que a morte é. Sente a revolta que todos sentimos quando perdemos um ente querido.
É na voz masculina que encontramos interrogações sobre a morte, o sentimento de derrota e de raiva por não conseguir impedir que esta surja na sua vida e na vida das pessoas que ama.
Conforme o avançar da leitura, esta induz-nos à reflexão: Amamos as pessoas como devemos enquanto podemos?
Não é de uma relação entre dois amantes que se trata esta história, mas sim, de uma amizade que atravessa todas as fronteiras, uma amizade indefinível, sem dúvida alguma mais forte do que o próprio amor entre dois apaixonados.
Esta história trata-se de um processo mais complexo, num espaço de infinita sexualização pela pura e também pela impura ausência dos corpos, numa espécie de invenção impossível a que apenas se pode dar o nome de Deus.
Deus é um personagem deste livro, é a parte intocável da história, tornando-a singular:
"Talvez não haja idades. Só mortos ressoando pelos canais do Tempo, mortos que, como ímans, aproximam e afastam os que ainda não morreram. Tu trazias tantos mortos na sombra do teu sorriso. É por isso que se pode dizer que ' Deus é uma conspiração de mortos contra a amnésia dos vivos."
Não se sabe onde a figura feminina se encontra, não se fala em céu, muito menos em "salvação", mas sabe-se que ela encontra-se próxima da voz masculina, porque em determinados momentos da sua fala ela responde as perguntas que a voz masculina lança ao ar.
Este livro é um diário de recordações existentes entre duas vozes. Os pensamentos e lembranças encaixam-se em cada linha ali narrada, em total sintonia e cumplicidade.
( é de se salientar que: a voz maculina é destacada pelo negrito)

Aqui se seguem alguns excertos que me chamaram particularmente a atenção:
Ele:
" Como é que eu mato a tua morte? Em sonhos, vens-me buscar, levas-me para um corredor longo e frio.
Porquê há corredores, e tão escuros nos sonhos?"
Ela:
" Pai nosso, eu não quero já o céu.
Aos vivos, incomoda-os o cheiro dos mortos. Por isso os sufocam de flores, incenso, velas, tudo o que possa manter este cheiro longe do corpo concreto, ainda carne, ainda sangue, ainda quente. No lugar do morto, é o medo que enjoa e entontece(...)
Deslizo pelas esponjosas paredes da morte e capto a revelação da tua orfandade- não sabes amar sem mim(...)
Fui o interior do corpo de um homem que não pode ver-me morta. Ele deita-se neste instante no chão, no lugar onde há muitos anos me matou (...) Encosto-me à porta dessa casa que guarda o que não sabes de mim, o que nunca quis saber e fui. "

Camilo Pessanha


Camilo Pessanha nasceu em Coimbra, 1867 e viveu em Macau durante 26 anos, local onde veio a falecer em 1926. Foi uma pessoa marcada negativamente, devido aos seguintes factores:

* Ter nascido fora do casamento;
* Sentir-se inadaptado à sua existência;
*Ter vivido uma infância de miséria e de Dor;
* Desde a adolescência ter vivido uma vida boémia.


Segundo Fernando Pessoa, existiram três poetas mestres na Literatura Portuguesa, sendo eles:
- Antero de Quental - Poeta Filósofo; - Cesário Verde - Observa em Versos;
- Camilo Pessanha - Ensina a sentir veladamente, com suavidade.


Apaixonou-se por Ana Castro Osório, a mulher que marcou grande parte de sua poesia e que, por sua vez, não lhe correspondeu a esse amor, fazendo com que o poeta desgostoso, partisse para Macau, onde veio a ser em 1894 advogado e juíz.


Teve um livro publicado em 1920, denominado Clepsydra *, em 1920, nas edições Lusitânia, em que Ana Osório era proprietária. [ * A clepsydra serve para medir o tempo, neste caso, a passagem da vida - aproximação da morte]



Caracterização da sua Obra Poética:
- Poeta vago e difuso;
- Possui um grande sentido abstracto;
- Sabe que a dor é tudo o que possui : " Sem ela, o coração é quase nada"
- É um poeta saudosista;
- Sente-se um inútil, que sua vida não tem sentido, tão menos a sua existência.



É um poeta do simbolismo: música, sugestão e símbolo ; expressão indirecta de ideias/sensações através de imagens ( Metáforas, Comparações), como por exemplo:
pomba = paz;
balança= justiça;
poeta= decifrador de símbolos, etc.



Pessanha sugere através de imagens inconcretas, uma variedade de sentimentos:
pessimismo, negativismo, tédio, totalismo, negativismo, desengano, egotismo, turbulência interior, morte, vazio existêncial, auto questionamento.


Violoncelo


Chorai arcadas
Do violoncelo!
Convulsionadas,
Pontes aladas
De pesadelo...
De que esvoaçam,
Brancos, os arcos...
Por baixo passam,
Se despedaçam,
No rio, os barcos.
Fundas, soluçam
Caudais de choro...
Que ruínas (ouçam)!
Se se debruçam,
Que sorvedouro!...
Trémulos astros...
Soidões lacustres...
– Lemos e mastros...
E os alabastros
Dos balaústres!
Urnas quebradas! Blocos de gelo...
-Chorai arcadas,
Despedaçadas,
Do violoncelo.
*


Bibliografia: Aulas de Literatura ;)

António Nobre - Poeta Finissecular (século XIX)



Como sabemos, o fim do século é sempre marcado por:
- caos,
-desordem,
-pessimismo,
- ausência de perspectivas,
-negativismo;
- saudosismo....
Nasceu no Porto, em 1867 e morreu vítima de tuberculose na Foz do Douro, em 1900.
Em 1883- Lança, no Porto, com alguns amigos, a revista : "A mocidade de Hoje";
Aos 21 anos parte para coimbra com o objectivo de estudar Direito;
Em 1890 compõe a maior parte de seus poemas que hão de constituir o "Só"
, seu livro publicado em Paris, que por sua vez, não recebeu muitos elogios.
António Nobre possui um tom coloquial e é um poeta marcado pela solidão e sua obra apresenta rítmos livres e musicais. Portanto, deparamo-nos com dois planos na sua poesia:
O cinzento desterro de Paris, perdido não multidão que não o conhece, presença da margura de experiências frustradas e sempre marginais; É um poeta marcado pelo desejo, fraternidade, desejo e pelo ódio.
O lamúrio da infância perdida,
evocação da doce paisagem antiga sas suas lembranças.
Os temas mais abordados são:
apreço pelas paisagens e pelos tipos pitorescos da sociedade;
a saudade;
o exílio;
a pátria;
a poesia;
o pessimismo;
a obcessão pela morte;
o fatalismo com a sua predestinação para a infelicidade;

Meus dias de rapaz, de adolescente,
Abrem a boca a bocejar, sombrios:
Deslizam vagarosos, como os Rios,
Sucedem-se uns aos outros, igualmente.
Nunca desperto de manhã, contente.
Pálido sempre com os lábios frios,
Ora, desfiando os meus rosários pios...
Fora melhor dormir, eternamente!
Mas não ter eu aspirações vivazes,
E não ter como têm os mais rapazes,
Olhos boiados em sol, lábio vermelho!
Quero viver, eu sinto-o, mas não posso:
E não sei, sendo assim enquanto moço,
O que serei, então, depois de velho.

Declara-se a doença que o leva à morte: a tuberculose. Percorre vários locais dentro e fora do país, a procura de cura, sem sucesso. Morre a 18 de março de 1900.


Bibliografia: Livro de Literatura :) Poema retirado do site:http://poesiasentida.blogs.sapo.pt/arquivo/156333.html

Cesário Verde ( Um clássico da Modernidade)



(1855-1886) - Morre com 31 anos de idade, vítima de tuberculose.

Genuíno, original, profundamente renovador, quer ao descrever os quadros e os tipos citadinos, quer ao denunciar, em sóbrias palavras, as atitudes subjectivas provocadas pelo exterior. Dá-nos conta de uma sociedade multifacetada.

O POETA PINTOR
" Pinto quadros por letras, por sinais"
Pinto quadros = carácter visualista e realista. Realça linhas e volumes por meio de alternâncias e contrastes. Retrata tamanhos, relevos e formas.
Por letras, por sinais = sinais gráficos, palavras, versos, figuras de estilo, rimas, sons e ritmos.

Criou o Binómio : Campo #Cidade, em que a cidade é essencialmente ligada aos seguintes tópicos:
* doença, dor, infelicidade, clausura, desconforto, prisão, poluição, ruído, mau cheiro, violência, exploração, etc.


E o campo:
*em estar, felicidade, tranquilidade, paz, saúde, vida, ar puro, calma, ambiente campestre, liberdade, natureza, etc.

Cesário Verde apresenta uma escrita deambulatória:
trata-se de deambular exterior e interiormente, examinar e contemplar as figuras que lhe surgem; Utiliza a deambulação não para narrar, mas para descrever os espaços que encontra.
Pode-se encontrar todos os aspectos referidos anteriormente, no seguinte poema:
Num Bairro Moderno - http://www.prof2000.pt/users/angela/bairro.htm
Bibliografia: Caderno de Literatura Portuguesa

Antero de Quental : poeta, filósofo e pensador


( 1842-1891)

Naceu e morreu em São Miguel, Ponta Delgada- Açores
Suicidou-se no dia 11 de setembro de 1891, com um tiro na cabeça, disparado num bando de jardim. (Por falar nisso, é um lugar que tenho curiosidade de ir visitar, até por que o tal banco ainda existe :) ) . Como já era de se esperar, viveu seus ultimos anos de vida num estado depressivo permanente, tal como tantos outros estudados.
Sua poesia destingue-se em dois grupos:


A POESIA APOLÍNEA (luminosa, solar):
- pensamentos positivos;
- acredita que pode mudar o mundo;
- acredita no bem estar da humanidade;
- Eufórico;
- Optimista e sonhador
Antero, quando jovem, acredita que pode mudar o mundo, acredita na liberdade do homem
#
Poesia Nocturna (Sombria), já no fim da sua vida
:
- canta à noite;
- extremamente pessimista;
- fala sobre a morte;
- desgostoso com tudo;
-desistente;
- posição distórica;
- descrente;
- Pessimismo social.
E seus temas mais abordados são: o amor, a decepção, desilusão, a desistência e o amor espiritual.
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COIMBRA



Antero formou-se em Coimbra, para estudar Direito e acabou por fazer parte juntamente com Eça de Queirós, do movimento denominado Geração de 70, mais tarde conhecido como " Os vencidos da Vida", pois não conseguiram concretizar os seus ideais.

Mas o que era a Geração de 70?


A geração de 70 foi criada com o intuito de intervir na renovação da vida política e cultural da sociedade portuguesa.
Houveram dois momentos marcantes:


1865 - "A questão Coimbrã" ou tambem denominada: " A questão do bom senso e do bom gosto" , em que Antero de Quental e todos os protagonistas da Geração Nova, Geração do Realismo, revoltam-se contra os Poetas da Velha geração, particularmente contra o professor e poeta António Feliciano de Castilho ou seja, os Ultra Românticos.
Toda esta revolta surgiu devido ao facto de Feliciano de Catilho que, apenas por curiosidade, era cego, ter publicado um texto em que criticava os poetas da nova geração, dizendo que não tinham bom senso nem bom gosto. Então, Antero de Quental responde-lhe a altura, publicando seu crepúsculo com argumentos ousados, críticos e sarcásticos. Ataca o professor e todos de sua geração, lançando por fim, um desafio:
Um duelo até a morte .
António de Castilho, envia um representante, que cedo desiste, caso contrário não sobreviveria para contar a história.
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ROMANTISMO:
exagero dos sentimentos,
amor exarcebado,
Locus Horrendus,
Locus Amoenus;
ULTRA ROMANTISMO:
é o exagero do romantismo, exagera os seus tópicos.
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Antero de Quental dizia que Portugal não era um país desenvolvido.
Criticava as elites, onde a mentalidade e o progresso não ajudavam
para a evolução do país.( Incrivelmente familiar, não?, imagino o que ele diria dos dias de hoje.)

1871: " Conferências do Casino"
Eça segue a carreira diplomática; Antero fica em Lisboa: Retorna às suas reflexões e promove uma série de conferências e debates:
" Causas da decadência dos países Peninsulares nos últimos 30 séculos" (Portugal e Espanha)
Segundo Antero, uma das causas para este atraso em relação a Europa é o Catolicismo.
Estas conferências causam furor na imprensa e o rei, desgostoso, proíbe-as de imediato.
Surge aí : A LITERATURA REALISTA.
LITERATURA REALISTA:
O escritor não pensa no egocentrismo, mas sim, na sociedade, humanidade.
* pretende analisar a sociedade a sua volta;
* são escritores comprometidos com o mundo;
* possuem uma atitude crítica: através da SÁTIRA e da IRONIA, que pretendem levar à reflexão, para se poder mudar e transformar.
Antero segue 4 linhas temáticas:
* expressão do amor, amor espiritual;
* preocupações sociais, os ideais revolucionários;
* o pessimismo e a evasão;
* a metafísica, Deus e a morte.


Bibliografia: as aulas de Literatura Portuguesa